A importância do movimento no tratamento da dor

A sua vó ou mãe já deve ter falado para você: “fique deitado, tome um chá e não saia com o cabelo molhado”, não é mesmo? Pode funcionar? Pode. Vou contar para você algumas verdades sobre as crenças que crescemos escutando, e uma delas é sobre o repouso, principalmente, quando estamos com dor.

Todo mundo já percebeu que cada vez mais vivemos em um ambiente urbanizado, modernizado e tecnológico, onde a prática de atividade física tem ficado cada vez mais de lado, seja por falta de tempo, falta de dinheiro, um monte de tecnologia fazendo as coisas por nós ou até mesmo por não gostar. E é aí que o problema começa a aparecer.

Que atividade física e uma vida saudável estão intimamente interligados, um levando ao outro, você já está cansado em saber. Mas será que você compreende realmente qual é a importância do movimento (exercício físico) na sua vida? Não estamos aqui falando sobre corpo bonito ou padrão de beleza, mas sim, da saúde do corpo afim de evitar dores.

Pense no seu meio social e reflita quantas pessoas você conhece que “sofrem” de dor em alguma parte do corpo, e pense agora quantas dessas pessoas praticam qualquer tipo de atividade física? Pode ser que nenhuma delas faça isso ou até mesmo se faz, qual tipo de atividade faz?

Eu sei que quando estamos com dor, tendemos a querer ficar quietos, deitados, tomar um remédio, tomar um chá, afinal foi assim que muitas vezes crescemos escutando. Mas se eu te falar que ficar deitado vai piorar a sua dor, você acredita em mim?

Claro, quando a dor aguda, repentina, advinda de um trauma ou de uma cirurgia, por exemplo, o repouso temporário é fundamental. Só que as pessoas que sofrem com dores no dia a dia temem praticar exercícios. E o sedentarismo tende a agravar o problema. Evitar se movimentar faz com que a musculatura mais próxima à região dolorosa – e, em alguns casos, até músculos mais distantes – acabe tensionada. Um exemplo clássico é uma dor no quadril que pode gerar uma tensão na lombar e até repercutir na cabeça.

Você deve estar se perguntando, “mas como o movimento ajuda a tratar essas dores?” O movimento em geral é de fundamental importância no alívio da dor crônica, isso acontece porque os exercícios possuem alguns mecanismos neurofisiológicos que promovem o alívio da dor e auxiliam na regeneração dos tecidos. Ocorrendo ainda uma reorganização a nível cerebral na interpretação e na resposta ao estímulo doloroso.

Por mais que você faça massagem, acupuntura, agulhamento e mesmo assim, essa dor não quer ir embora, é porque falta algo a mais, falta levar uma informação ao cérebro para que ele entenda que aquele local já não tem mais lesão, falta o caminho inverso também, o cérebro mandar estímulos que irão colaborar por uma melhora da manutenção daquele local que esta, ainda, doendo. Chamamos essas abordagens de top-down (estimulo do cérebro para a periferia) ou botton-up (estímulo da periferia para o cérebro) e é aí que a mágica toda passa acontecer.

É óbvio que os exercícios devem ser executados respeitando o limite da pessoa, sendo progressivos, individualizados e especializados para cada patologia.

Por isso o acompanhamento de um fisioterapeuta é importante nessa fase, para ajudar a evitar tomar remédios que não irão atuar na causa do problema e só mascarar sintomas. Com tratamento direcionado para o seu problema você conseguirá se livrar das dores.

GABRIELA AMARAL

Fisioterapeuta

CREFITO/3 190210-F