O que é dor crônica?

Eu costumo dizer aos meus pacientes que a dor é uma coisa boa, isso porque ela é um mecanismo de defesa do nosso corpo, ela representa um sinal de alerta de que algo não anda bem, avisando quando nosso organismo está em risco. Nós conseguimos lidar “facilmente” com o tipo de dor que dura minutos, horas ou talvez alguns dias e acaba passando sem precisar de muitas interferências, esse tipo de dor é considerada uma dor aguda.

Porém, existem algumas dores que duram, e duram mesmo. É aquela dor que vai e que volta, que parece nunca te abandonar, que persiste ou se arrasta por semanas, meses e anos. Essa nós chamamos de dor cônica.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), uma dor é considerada crônica quando ela persiste por mais de 3 meses, e cerca de 30% da população em todo o mundo são afetadas por algum tipo de dor constante. Pelo meu conhecimento clínico posso afirmar que esse número é bem maior, e tende a crescer ainda mais nos próximos anos devido ao estilo de vida acelerado e hábitos não saudáveis, como sedentarismo, alimentação altamente inflamatória e níveis de estresses elevados.

A dor crônica hoje é entendida como uma doença que merece tratamento e entendimento, isso porque ela não configura como o sintoma de uma doença ou de uma condição específica, e sim ela própria é “a doença” em questão.
É uma condição que envolve diversos fatores, como culturais e emocionais, e que não tem uma causa única. Quem convive com a dor crônica tem impactos diretos na saúde, rotina, disposição e na vida como um todo.

Apesar de nem sempre ter cura, ela tem tratamento e controle. Para resultados mais satisfatórios, indica-se acompanhamento multiprofissional, além de mudanças no estilo de vida.

Um grande problema que encontramos hoje no tratamento da dor crônica no Brasil é que nitidamente muitos profissionais têm o desconhecimento do melhor tratamento para tal, isso porque se esquecem que há outras formas de tratá-la além do uso de medicamentos contra a dor. Há uma abordagem não medicamentosa que é multiprofissional, que vai favorecer o tratamento dessa dor. No entanto, o desconhecimento disso leva ao aumento da dor, sobretudo, devido a falta de conhecimento sobre essa doença e maus hábitos de vida que o indivíduo leva no seu dia a dia.

O Tratamento da dor crônica deve ser individualizada e abranger diversas modalidades com o apoio emocional, educação em dor, estímulos a prática de atividades físicas, orientações nutricionais, tratamento fisioterapêutico e para alguns casos, medidas farmacológicas. Portanto, é ideal que a pessoa com dor crônica procure ajuda de um profissional de saúde que irá orientá-la e ajudá-la no manejo adequado da doença.

Maryeli Nonato
Fisioterapeuta

CREFITO 3/ 120996-F