Hábitos bons e ruins para dor crônica!

Hábitos que podem MELHORAR a dor crônica:
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), uma dor é considerada crônica quando ela persiste por mais de 3 meses, e cerca de 30% da população em todo o mundo são afetadas por algum tipo de dor constante. A dor crônica hoje é entendida como uma doença que merece tratamento e entendimento, isso porque ela não configura como o sintoma de uma doença ou de uma condição específica, e sim ela própria é “a doença” em questão.
É uma condição que envolve diversos fatores, como culturais e emocionais, e que não tem uma causa única. Quem convive com a dor crônica tem impactos diretos na saúde, rotina, disposição e na vida como um todo.

Apesar de nem sempre ter cura, ela tem tratamento e controle. Para resultados mais satisfatórios, indica-se acompanhamento multiprofissional, além de mudanças no estilo de vida. O indivíduo alvo de dor crônica precisa ter em mente que ela não será curada com um simples medicamento. É necessário alinhar os hábitos de vida durante o tratamento, sendo ele o controle da dor e a tentativa de retomar as atividades do dia a dia do paciente.

A mudança de hábitos deve iniciar-se com o comprometimento físico, psicológico e social para compartilhar suas experiências com outros doentes. São ações que têm ênfase em deslocar a dor do centro da vida do indivíduo, substituindo-a por comportamentos saudáveis a ele.

Em um paciente alvo da dor crônica, deve-se ter em ordem uma avaliação psicológica dele, visto que psicopatologias como a depressão e a ansiedade podem intensificar a dor e desestabilizar o indivíduo. Além disso, até mesmo a dor crônica pode se manifestar por meio de sintomas psiquiátricos, sendo, assim, importante manter um cuidado a mais com a saúde mental.

Apresentar uma agenda de controle das atividades diárias e realizar um controle da dor conforme exerce as funções rotineiras, incluindo a realização de atividades físicas em conjunto de socialização, podem ser fatores importantes para a melhora da dor.

Além disso, há outras técnicas cognitivas que os pacientes podem realizar, dentre elas há as técnicas de distração, relaxamento, hipnose e imaginação controlada. Sendo atividades que buscam tirar o foco da dor, direcionando-o para outras atividades.

Hábitos que podem PIORAR a dor crônica:

Sabe-se que muitos profissionais têm o desconhecimento do melhor tratamento da dor crônica, isso porque se esquecem que há outras formas de tratá-la além do uso de medicamentos anestésicos contra a dor. Há uma abordagem, não medicamentosa, multiprofissional, que amplia o tratamento dessa dor. No entanto, o desconhecimento disso leva ao aumento da dor, sobretudo, devido aos maus hábitos que o indivíduo leva no seu dia a dia.

Embora o uso de medicamentos seja algo benéfico no tratamento da dor, a polifarmácia, muitas vezes acometida por idosos, ou diante do uso indiscriminado na automedicação, ocasiona uma piora no quadro, visto que a interação de um fármaco com outro deve ser pensada, assim como no benefício e malefício que isso pode ocasionar.

Além disso, o uso de medicamentos que acabam com a dor de uma maneira diária e indiscriminada pode ser um fator intensificador e causador de mais dor, como no caso de enxaquecas e cefaleias do tipo tensão, que são transformadas em cefaleias crônica diária.

A meta de uma dor zero é um tanto irreal, porém, cabe ao indivíduo pensar em suas condutas para que aquelas não se intensifiquem ainda mais, como drogas sem prescrição médica e história de abuso de álcool, de tabagismo e de drogas ilícitas, além das medicações prescritas. É relevante para o controle da dor motivá-lo a retomar suas atividades rotineiras, respeitando as condições que a dor lhe impõe.

Dados demográficos sobre dor crônica e reflexão sobre a importância do tratamento, devido a alta chance de morbidade.

Ao menos 37% dos brasileiros devem possuir dores crônicas. É isso que conclui um estudo feito pela Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED), a Universidade Federal de Santa Catarina, Faculdade de Medicina do ABC e uma clínica de tratamento da dor.

Esse dado gera uma grande preocupação para o sistema de saúde público e privado do país, afinal, será que há capacidade para tratar de toda essa demanda? Ou será que muita dessa demanda não é, de fato, tratada?

Será que esses 60 milhões de brasileiros que sofrem das mais variadas facetas da dor crônica estão recebendo um tratamento adequado? Ou será que estão recebendo apenas medidas ineficientes para o seu caso?

Será que os médicos estão alertando seus pacientes com dores crônicas sobre os hábitos que podem melhorá-la? Ou piorá-la? Os pacientes têm ciência do seu quadro?

E quem não consegue o tratamento e o aconselhamento devido? Como fica?

A dor, quando se torna crônica, vira um problema de saúde pública, causador de morbidade, falta ao trabalho e incapacidade funcional temporária ou permanente.

Há cura para a dor crônica? Ela durará para sempre?

A resposta para essa pergunta é “DEPENDE”, pois embora os fatores predisponentes e as consequências da dor crônica sejam bem conhecidos, cada paciente pode reagir de forma diferente ao mesmo tratamento. Logo, a abordagem a dor crônica deve ser individualizada e abranger diversas modalidades com o apoio emocional, o estímulo a atitudes que aumentam a qualidade de vida, as medidas farmacológicas e as medidas intervencionistas e integrativas que podem sim reduzir a cronificação da dor ou até mesmo curar o paciente. Portanto, é ideal que a pessoa com dor crônica procure ajuda de um profissional de saúde que irá orientá-la e ajudá-la no manejo adequado da doença.

 

 

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